De tanto que se falou acerca da morte de Chávez e, retrospectivamente, da sua obra, o que mais me marcou foi o elogio que ouvi hoje na TV de um indivíduo cuja inclinação política desconheço, mas que parece óbvia: O que retive foi que Chávez, além de ter diminuído a pobreza e as desigualdades na Venezuela durante os seus governos, foi o mais eficaz combatente contra o neo-liberalismo rampante. Tanto tenho ouvido falar de neo-liberalismo, de ultra-liberalismo e de neo-ultra-liberalismo ou ultra-neo-liberalismo, mas ainda ninguém me explicou o que é tal planta daninha. Sempre gostava de saber.
Afinal as minhas dúvidas sobre o futuro imediato da situação política na Venezuela estavam um pouco deslocadas. Segundo se anuncia, não está em causa a convocação de eleições presidenciais. Deverão ser realizadas num prazo de 30 dias. Isto não quer dizer que não haja controvérsias, mas a principal, ao que parece, não tem a ver com a oposição, mas sim com diferentes forças dentro do próprio movimento chavista: O posto de presidente interino, tomado por Maduro, deveria, segundo a constituição, ter sido atribuído ao presidente do parlamento. Ao que parece, a dúvida é se Chávez, antes de morrer, tomou ou não posse oficialmente. Deixemos os venezuelanos resolver o assunto.
Com a morte de Chávez, abre-se um período de incertezas e provavelmente de lutas políticas. Não conheço a lei venezuelana, mas será que Maduro poderá suceder a Chávez sem eleições? Mesmo que esta sucessão esteja prevista na lei (como, sucede, por exemplo, nos Estados Unidos), só será válida para o caso de morte de um presidente efectivo, mas Chávez não chegou a tomar posse. Mas não me parece que os chavistas aceitem pacificamente a hipótese de convocar eleições presidenciais. O exército já anunciou que defenderá os ideias de Chávez. Conseguirá Maduro fazer-se reconhecer como presidente com o apoio das forças armadas e sem grandes convulsões? Por outro lado, terá a oposição a força suficiente para exigir a realização de novas eleições? As informações que nos chegam não são suficientes para prever o desfecho. Veremos...