Muitos economistas levaram anos a clamar que os portugueses viviam acima das suas possibilidades e a explicar esta verdade com variados argumentos: A produtividade é reduzida, a competitividade é baixa, consumimos, em consequência, mais do que o que produzimos, importamos cronicamente muito mais do que exportamos e as entradas de capital (remessas de emigrantes e investimento estrangeiro) não compensam a diferença, necessitamos de pedir muito dinheiro emprestado ao estrangeiro e a dívida acumulada, com o serviço da dívida associado, ameaça tornar-se insuportável, para mais o rating de Portugal degrada-se, o que aumenta o problema.
Pois agora vêm dizer-nos que a quebra do consumo está a contribuir para piorar a crise. Dantes o crescimento virtuoso era baseado nas exportações. Com a diminuição acentuada destas, há pressões para que consumamos mais. É difícil ver a coerência destas posições. Não serão os mesmos economistas? Até o jornalista económico da SIC, José Gomes Ferreira, confessa que teve as duas atitudes, mas não explica como se coadunam. Eu, consumidor consciente, desejaria saber se, para bem da economis nacional, deverei consumir mais ou menos. E não sei.