Inesperadamente anuncia-se que a Ministra da Educação ia dar uma conferância de imprensa. Curiosidade: Que poderia ir dizer de tão importante que valessa a pena convocar uma conferância de imprensa não programada?
Pus de mim para mim 3 hipóteses: 1) Ou ia anunciar a demissão do cargo por não aguentar a tensão; 2) ou ia reconhecer a impossibilidade de continuar o processo de avaliação dos professores do modo proposto e anunciava a sua suspensão e regresso à estaca zero; 3) ou ia dizer que estava cheia de razão, os sindicatos não tinham qualquer credibilidade e portanto a avaliação ia avançar doesse a quem doesse. Depois de formular estas hipóteses, todas me pareceram altamente improváveis e confessei que não conseguia conjecturar que mensagem tão importante tinha a ministra a dizer aos portugueses.
Afinal, depois de ouvir a ministra, não fiquei mais esclarecido. Nada disse de novo, nada anunciou, nada propôs. Para que serviu a conferência de imprensa?
A cena fez-me lembrar a peça de Ionesco "As Cadeiras", em que um velhote prepara uma sala para anunciar ao mundo as suas grandes ideias, pondo, com a ajuda prestável da mulher, filas de cadeiras para os convidados esperados. No fim, perante uma plateia vazia, emite apenas sons incompreensíveis.
As declarações da ministra pareciam as ideias do velhote. Ou fui eu que não compreendi?
Do blog O Sexo dos Anjos:
Ouço e leio na SIC-Notícias:
"PIB nacional cresceu 0,7% no 3.º trimestre de 2008."
0,7% num trimestre? Afinal não há crise? Se continua assim, teremos um bom crescimento num ano! Fiquei logo desconfiado (Como diz o provérbio: "Quando a esmola é grande...").
Pouco depois dizem na RTP:
"Economia portuguesa estagnou no 3.º trimestre."
Então em que ficamos: crescimento extraordinário ou estagnação? Fui ao sítio do INE e tirei as dúvidas, se dúvidas ainda podia haver: O crescimento do PIB no 3.º trimestre em cadeia foi nulo, 0%, como noticiaram na RTP. Em termos homólogos, portanto em relação ao 3.º trimestre de 2007, é que apresentou um crescimento de 0,7%, igual ao do trimestre anterior.
Hoje, na notícia desenvolvida no Público, confirmei a notícia com números e gráficos.
Fico sem saber se a SIC deu uma notícia que induzia em erro por incompetência ou propositadamente, seguindo o princípio propalado pelos nossos governantes de que é mais importante incutir confiança do que ser rigoroso na informação. Espero que do mal o menos, que seja incompetência. Bastaria ter acrescentado "crescimento homólogo" ou "em relação ao mesmo período do ano anterior".
Não consigo entender como, com tanta coisa importante que se passa em todo o mundo, alguns canais de televisão perdem tempo a contar como um cão mordeu o dedo dum homem, mesmo que o cãozinho seja amoroso, o dono seja o ainda Presidente dos Estados Unidos da América e o homem mordido seja jornalista, ou ainda a contar também que causou grande escândalo o elogio que Berlusconi fez do bronzeado de Obama. Francamente, porque não deixam estes mexericos para os jornais populares ou para os programas de entretenimento? Consideram mesmo que estes pormenores folclóricos têm algum interesse sério?