Só sei que nada sei. Talvez não seja bem assim, mas as dúvidas e incertezas são uma constante.
Quarta-feira, 25 de Fevereiro de 2009
Apostar nas energias fósseis

A propósito da hipótese de tornar a considerar como solução energética a energia nuclear, ouço na RTP ontem e novamente hoje em repetição lido por outro jornalista: "Isto porque é necessário apostar nas energias fósseis para atenuar a dependência do petróleo e do gás natural".

 

A asneira repetida não deixa de ser asneira, só agrava o disparate. Mas fico sem saber bem se houve um jornalista que queria escrever "não fósseis" e se esqueceu do "não"  ou se consideram o urânio como um produto fóssil ou que diabo de confusão passou por aquelas cabecitas. Um engano qualquer tem, mas haver jornalistas que lêem o disparate e não dão por isso, só me leva a pensar que percebem pouco do assunto.

 

O urânio não é renovável, pois a sua quantidade na natureza é finita e não nasce mais, mas não é fóssil. O petróleo e o gás natural são fósseis e evidentemente não renováveis. As energias renováveis são de origem solar, eólica, das ondas e das marés, além da biomassa e derivados, como óleos vegetais, carvão vegetal e álcool de origem fermentativa. Claro que apostar nas energias fósseis é o que ninguém pretende actualmente, embora seja inevitável que estas, pelo seu preço e facilidade de extracção, sejam ainda as formas predominantes durante muito tempo.

 

 



publicado por Pedro Freire às 23:27
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Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2009
Ainda vivemos em democracia?

Começo a ter sérias dúvidas que ainda vivamos numa democarcia autêntica. 3 factos recentes alimentam esta dúvida:

 

1) O convite do partido de Chávez para o congresso do partido que apoia o governo. Será que o PS considera Chávez um democrata?

 

2) A apreensão numa Feira do Livro Usado pela PSP de 5 exemplares de um livro de arte por trazer na capa a reprodução de um quadro de Courbet considerado "pornocracia" pela polícia, no seguimento de uma (ou mais?) queixas de cidadãos. As notícias não esclareceram se houve, para justificar esta apreensão, ordem judicial. Se não houve, pergunto-me se é legal a PSP efectuar apreensões de bens sem intervenção de qualquer juiz que tenha ponderado as razões para este acto de censura. Pensava que a apreensão de livros era coisa do passado em Portugal.

 

3) A ordem da direcção do IGESPAR para as chefias defenderem as decisões desta direcção mesmo que não concordem com elas.

 

Será que ainda vivemos em democracia?



publicado por Pedro Freire às 18:35
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Domingo, 15 de Fevereiro de 2009
Será Portugal um país de inventores?

Segundo o Público, "Portugal continua a ser um país de inventores". Esta afirmação baseia-se no crecimento de 40% do "número de projectos submetidos à concessão de patente" nos três primeiros trimestres de 2008, depois de terem crescido 55% entre 2004 e 2007 (dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI). É pena que o artigo que cita estes números só se refira a aumentos, sem uma única vez falar em números absolutos. Os aumentos são sem dúvida significativos, sobretudo o referente aos 3 trimestres de 2008. O crescimento é saudável. Porém se se passa de um único pedido de patente para 2, teremos um aumento de 100%, sem que o número deixe de ser mais que miserável. Também não se faz qualquer referência a comparações internacionais. Portugal, país de inventores? Mais ou menos do que os EUA e o Japão? Em que posição ficamos em número de patentes por 100 000 habitantes em relação a outros países da Europa? Nada disso é minimamente esclarecido.

 

Além disso, das patentes pedidas, quantas são concedidas e quantas recusadas?

 

Pessoalmente tenho muitas dúvidas, que considero fundadas, sobre se realmente é possível considerar Portugal um país de inventores e muito mais se se pode dizer que "continua" a sê-lo, o que sigificaria que já era.

 

Estas dúvidas fundam-se na observação que fiz durante muitos anos do número de patentes pedidas pela leitura do Boletim da Propriedade Industrial, por motivos profissionais. Dei-me então ao trabalho de fazer uma comparação internacional e as conclusões foram desoladoras. O número de patentes pedidas em relação à população nacional era extremamente reduzido, insignificante mesmo. Talvez a situação se tenha modificado, mas sem números actuais não é possível dizê-lo.

 

Espero ter tempo para fazer um novo apanhado e tentar actualizar os dados.

 

 

 



publicado por Pedro Freire às 22:21
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Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009
O carro de Heisenberg (plagiado)

Este blog nada tem a ver com chips, carros e chapas de matrícula que virão a ter os ditos nas referidas, se se confirmarem os desejos do governo, o que espero que não venha a suceder. Mas tem tudo a ver com o Princípio da Incerteza de Heisenberg. E daí eu não resistir a transcrever o artigo de Carlos Fiolhais de hoje, que já tinha lido no Público e que reli agora no seu blog. Não pedi licença, nem ao Público nem a Fiolhais para esta transcrição, mas espero que me perdoem, porque apenas revela concordância absoluta. Afinal, ao contrário do que escrevi por graça no título deste postal, não se trata dum plágio, mas apenas duma cópia não autorizada:

 

«Minha crónica no "Público" de hoje (uma petição contra a instalação obrigatória do chip nos carros encontra-se aqui):

Conta-se uma anedota sobre Werner Heisenberg, o físico alemão que formulou o princípio da incerteza da teoria quântica. Um polícia mandou-o parar por o seu carro se deslocar com excesso de velocidade:

- O senhor sabe a que velocidade ia?
- Eu não. Sei onde estou e não se pode saber as duas coisas ao mesmo tempo!

Claro que o princípio da incerteza de Heisenberg se aplica a electrões e a outras partículas subatómicas e não a veículos. É possível saber onde está um automóvel e a que velocidade vai, mas, desde que os limites legais de velocidade sejam respeitados, essa informação não devia interessar a ninguém. O governo português, com a introdução obrigatória de um chip na matrícula de todos os automóveis, poderá vir a saber onde estamos e, porventura, também a que velocidade vamos. O nosso direito à incerteza pode estar em risco...

De pouco valeram as dúvidas levantadas pelo Presidente da República quando o governo pediu à Assembleia da República autorização para legislar sobre a utilização de um chip identificativo. E de pouco valeram as reservas levantadas pela Comissão Nacional de Protecção de Dados. O Conselho de Ministros de 5 de Fevereiro passado aprovou uma lei que poderá colocar o país vigiado por um gigantesco “Big Brother”. Se essa lei entrar em vigor, as autoridades poderão conhecer a localização exacta no espaço e no tempo dos automóveis e, cruzando essa informação com a das bases de dados que têm à sua disposição, poderão diminuir perigosamente a privacidade a que todos temos direito.

Numa sociedade livre, o cidadão deve poder ir onde quiser sem que ninguém tenha nada a ver com isso. Mas agora, em Portugal, se for de carro, terá um chip – bip! bip! - a emitir sinais da sua presença para tudo o que for portagens, polícias e sabe-se lá que mais. Eu, que decidi livremente aderir à Via Verde, sei que, pelo menos para as portagens, parques de estacionamento, bombas de gasolina, etc., a minha presença está a ser registada e espero que haja um uso limitado desses registos. Mas o que o governo pretende agora fazer tem um potencial de risco bem maior: quer impor um sistema desse tipo a toda a gente (além do mais, cobrando-nos o chip) e quer fazer um uso indiscriminado dele (por exemplo, a nova lei fala não só do pagamento de portagens mas também de “outras taxas rodoviárias e similares”, sem especificar quais elas são).

A abstrusa lei levanta dificuldades de vária ordem. O que fazer com os numerosos automobilistas que, como eu, têm Via Verde, que funciona bem? Terão de a deitar fora e comprar o novo chip? O que fazer com os veículos estrangeiros? Serão distribuídos chips na fronteira? E que confiança oferece a nova empresa a quem vai ser dado o exclusivo da gestão do sistema? Num país onde o segredo de justiça é letra morta e onde até já apareceram na redacção de um jornal listas de chamadas telefónicas do Procurador Geral da República e do próprio Presidente da República (o “envelope 9” do caso Casa Pia), será que o pior ainda está para vir?

Em países com mais tradição democrática, uma lei deste tipo teria enorme dificuldade em passar. É facto que no Brasil se discute uma iniciativa semelhante, mas, nos países anglo-saxónicos, como a Inglaterra de Orwell, o direito a “to be left alone” é um “must”. A liberdade individual é aí indiscutível. Os carros são incertos como o de Heisenberg. Aqui o governo usa a força da sua maioria absoluta para chipar os nossos carros e permanece surdo e mudo perante as vozes de muitos cidadãos, que, na imprensa, na Internet e por outros meios, exercem o seu direito à indignação. Não é um sintoma da saúde da nossa democracia que essas vozes, a avolumar-se dia após dia em petições electrónicas, sejam completamente ignoradas.

A George Orwell, o autor da frase “Big Brother is watching you” no livro “1984”, não terá passado pela cabeça que 1984 acontecesse em 2009, em Portugal. Mas estamos ainda a tempo de evitar que essa ficção se torne realidade. Chipados os carros, o que se chiparia a seguir?»

 

É que embora eu não tenha nada a esconder, não gosto de ver a minha vida particular devassada nem de ser seguido pelo olho do Big Brother.



publicado por Pedro Freire às 18:44
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Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009
Sócrates diz que nunca falou nos ricos

Ouço e custa-me a acreditar: Interrogado por um jornalista sobre qual a sua definição de "ricos" a quem aplicaria a medida de redução das deduções em sede de IRS para alegadamente poder dar vantagem à classe média, Sócrates afirmou: "Eu nunca falei em ricos". Prova-se assim que o principal defeito do nosso primeiro ministro é a falta de memória. Não só falou repetidamente que a dita redução seria para aplicar aos ricos como disse, em jeito de resposta desajeitada às críticas sobre esta medida e à indefinição do que considerava como "ricos": "Eu sei muito bem reconhecer os ricos". Depois de negar o que dissera, deu como exemplo o seu próprio caso, revelando que ganha cerca de 5 mil euros e que paga IRS no escalão dos 42% (o mais elevado), pensando pois que é justo que não possa fazer as mesmas deduções, nomeadamente de despesas de saúde e educação, do que os que ganham menos. Será que queria dizer com isto que os tais "ricos", em que nunca afinal falou, são os que ficam no escalão de IRS de 42% (para os quais já se provou por cálculos simples que o IRS cobrado a mais não terá qualquer efeito significativo para aliviar a carga fiscal da classe média)?



publicado por Pedro Freire às 19:41
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Sábado, 7 de Fevereiro de 2009
Os grandes argumentos de Louçã

Já estava para escrever sobre a triste comparação feita por Francisco Louçã de coelhos com notas de 100. Mas está quase tudo dito aqui. Resta dizer que é difícil imaginar imagem mais mal escolhida para comparar a produtividade da capital com a do trabalho do que o casal de coelhos e o casal de notas de 100 euros.
Primeiro: Ocorreu-me imediatamente a hipótese de apesar de constituírem um "casal" os coelhos serem homossexuais e terem uma produtividade nula em termos de coelhinhos. Não esperava que isto escapasse a um dirigente do BE.
Segundo: Os coelhos custam dinheiro, portanto para os pôr a produzir há que ter capital. Os coelhinhos serão fruto da união dos coelhos e do capital que eles representam.
Terceiro: Porque haveria alguém de ser tão louco que pusesse duas notas de 100 € numa cova? Só mesmo o Louçã. Já se as duas notas forem postas numa conta num banco depois de certo tempo haverá mesmo notinhas de 20 € ou pelo menos algumas moedas e lá se vai o argumento.



publicado por Pedro Freire às 22:29
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Terça-feira, 3 de Fevereiro de 2009
Desde quando tem Erdogan problemas com governantes que matam?

Hoje a dúvida que exponho não é minha, ou pelo menos não é só minha e não fui eu que a formulei. Mas confesso que, por outras palavras, já a tinha formulado para mim mesmo.

Leio no Foreign Policy:

Since when did Erdogan have a problem with leaders who kill people?

Fri, 01/30/2009 - 5:15pm

Even setting aside Turkey's record with its Armenian and Kurdish minorities for a moment, it's a little rich for Turkish Prime Minister Recep Tayyip Erdogan to be so aghast at the idea of sharing a stage with a human rights abuser.

Almost exactly a year before Erdogan's outburst at Davos, in which he lambasted Israeli President Shimon Peres over Israel's actions in Gaza, he was literally rolling out the red carpet for Sudan's genocidal president and indicted war criminal Omar al-Bashir in Ankara.

So when did "killing people" become a problem for him?

 

[Suponho que o Copyright não terá nada contra esta citação]

Pois eu pergunto a mesma coisa. Estranhei especialmente ouvir Erdogan citar o 5.º Mandamento (que não me lembro de ter visto referido no Alcorão, que já li de ponta a ponta). Se é certo que a pena de morte foi recentemente abolida na Turquia, por pressão da União Europeia, os chamados "crimes de honra" continuam a ser punidos, embora não oficialmente mas com a complacência das autoridades, com a morte, sendo as vítimas quase exclusivamente mulheres. Não ouvi Erdogan lamentá-los. Se alguém ouviu, agradeço que me esclareça.



publicado por Pedro Freire às 23:28
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