Ouço e custa-me a acreditar: Interrogado por um jornalista sobre qual a sua definição de "ricos" a quem aplicaria a medida de redução das deduções em sede de IRS para alegadamente poder dar vantagem à classe média, Sócrates afirmou: "Eu nunca falei em ricos". Prova-se assim que o principal defeito do nosso primeiro ministro é a falta de memória. Não só falou repetidamente que a dita redução seria para aplicar aos ricos como disse, em jeito de resposta desajeitada às críticas sobre esta medida e à indefinição do que considerava como "ricos": "Eu sei muito bem reconhecer os ricos". Depois de negar o que dissera, deu como exemplo o seu próprio caso, revelando que ganha cerca de 5 mil euros e que paga IRS no escalão dos 42% (o mais elevado), pensando pois que é justo que não possa fazer as mesmas deduções, nomeadamente de despesas de saúde e educação, do que os que ganham menos. Será que queria dizer com isto que os tais "ricos", em que nunca afinal falou, são os que ficam no escalão de IRS de 42% (para os quais já se provou por cálculos simples que o IRS cobrado a mais não terá qualquer efeito significativo para aliviar a carga fiscal da classe média)?