Segundo o Público, "Portugal continua a ser um país de inventores". Esta afirmação baseia-se no crecimento de 40% do "número de projectos submetidos à concessão de patente" nos três primeiros trimestres de 2008, depois de terem crescido 55% entre 2004 e 2007 (dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI). É pena que o artigo que cita estes números só se refira a aumentos, sem uma única vez falar em números absolutos. Os aumentos são sem dúvida significativos, sobretudo o referente aos 3 trimestres de 2008. O crescimento é saudável. Porém se se passa de um único pedido de patente para 2, teremos um aumento de 100%, sem que o número deixe de ser mais que miserável. Também não se faz qualquer referência a comparações internacionais. Portugal, país de inventores? Mais ou menos do que os EUA e o Japão? Em que posição ficamos em número de patentes por 100 000 habitantes em relação a outros países da Europa? Nada disso é minimamente esclarecido.
Além disso, das patentes pedidas, quantas são concedidas e quantas recusadas?
Pessoalmente tenho muitas dúvidas, que considero fundadas, sobre se realmente é possível considerar Portugal um país de inventores e muito mais se se pode dizer que "continua" a sê-lo, o que sigificaria que já era.
Estas dúvidas fundam-se na observação que fiz durante muitos anos do número de patentes pedidas pela leitura do Boletim da Propriedade Industrial, por motivos profissionais. Dei-me então ao trabalho de fazer uma comparação internacional e as conclusões foram desoladoras. O número de patentes pedidas em relação à população nacional era extremamente reduzido, insignificante mesmo. Talvez a situação se tenha modificado, mas sem números actuais não é possível dizê-lo.
Espero ter tempo para fazer um novo apanhado e tentar actualizar os dados.