Li o artigo de Helena Matos no Público "Em Sintra não comem frango?" (também se pode ler aqui).
Habitualmente aprecio muito os artigos da Helena Matos e, além de apreciar, concordo quase sempre e aplaudo o que escreve. Mas desta vez estou frontalmente contra a sua tese, e note-se que não sou sócio de nenhuma associação de defesa dos animais. Acho as touradas um espectáculo bárbaro e lamentável e para isso não necessito de ser vegetariano. Como frango, sim senhor. Lamento as condições em que quase sempre os animais destinados à alimentação são criados e engordados e sou de opinião que essas condições deveriam ser melhoradas, mesmo com maiores custos. Claro que reconheço que numa economia de mercado isso deverá ser muito difícil. Parece-me que o organismo humano está adaptado a uma alimentação omnívora que inclua carne e/ou peixe e a alimentação vegetariana, para ser completa e saudável, requer cuidados e recursos difíceis de manter na nossa sociedade. Isso não me leva a gostar de touradas e não vejo que a contradição seja flagrante, simplesmente porque as touradas são espectáculos e o abate de animais nos matadouros não o são. Já visitei, no âmbito da minha vida profissional, matadouros, aviários, vacarias e suiniculturas e não fico indiferente à morte dos animais, mas considero-a uma necessidade. Já a morte do touro e o sofrimento que a precede não são de modo nenhum necessários, são praticados para prazer dos espectadores. O único argumento de Helena Matos com que concordo é o da inevitável extinção do touro bravo caso as touradas viessem a ser proibidas. Mas não é uma triste sina livrar uma espécie de extinção com o fim de a poder torturar em público?